O Ártico é a região do planeta mais afetada pelo aquecimento global, ocasionando mudanças no ambiente, tanto físico quanto biológico.
O gelo marinho do Ártico permanece em declínio no ano de 2024. Segundo o Earth Observatory, é possível que ele tenha alcançado sua extensão máxima do ano, com 15,65 milhões de quilômetros quadrados, na data de 14 de março, representando 640.000 quilômetros quadrados de gelo a menos do que a extensão média máxima entre os anos de 1981 e 2010. O máximo atingido neste ano é o 14º mais baixo de 46 anos.
Com o objetivo de demarcar a extensão, pesquisadores projetam observações de satélite do gelo marinho em uma grade e, ao final, somam a área total da superfície de cada célula que possui, pelo menos, 15% de cobertura de gelo.
Cientistas da NASA (Administração Nacional da Aeronáutica e Espaço) e do NSIDC (Centro Nacional de Dados de Neve e Gelo) da Universidade do Colorado, em Boulder, fazem o monitoramento das flutuações sazonais e anuais, pois o gelo marinho é capaz de moldar os ecossistemas polares do planeta, além de exercer um papel de extrema importância no clima global. De acordo com a cientista Linette Boisvert, do Goddard Space Flight Center, da NASA, “o gelo marinho e a neve que cobre são muito refletivos”. A cientista explicou que durante o verão, quando há mais gelo marinho, o mesmo vai refletir a radiação do Sol, contribuindo para que a Terra se mantenha mais fria. Do contrário, se houver a redução do gelo, o planeta se torna mais propenso ao aquecimento solar. O oceano exposto a esse calor se torna mais escuro, dessa forma, absorve mais facilmente a radiação solar. A captura e a retenção dessa energia favorece o aquecimento dos oceanos e da atmosfera.
As medições da espessura de gelo mostraram que menos gelo permaneceu no período onde os meses são mais quentes, o que significa que o novo gelo deve ser formado a partir do zero todos os anos e não se acumulando sobre o gelo anterior, ocasionando camadas mais espessas.
Conforme os dados analisados, as maiores perdas de massa de gelo se sucederam no norte do Mar de Okhotsk, norte do Japão, e no Mar de Bering.
Em 2023, foi organizada a primeira expedição brasileira ao Círculo Polar Ártico. A viagem contou com pesquisadores da UFMG, UnB e PUC Brasília. Os cientistas tiveram a oportunidade de observar de perto os fortes e alarmantes impactos das mudanças climáticas e do aquecimento global na região, devido à intensa aceleração do degelo, portanto, as previsões são preocupantes, uma vez que existe a possibilidade desse gelo desaparecer de vez nos próximos anos, impactando todo o planeta. Inclusive, já se fala em clima semiárido no Ártico.
Assim como o extremo Norte do planeta vem sofrendo as consequências das mudanças climáticas, o extremo Sul também já começou a ser afetado. A Antártica já passa por processos de degelo semelhantes aos que têm ocorrido no Ártico, o que pode afetar a vida no Brasil, uma vez que nosso país é o sétimo mais próximo do continente branco. Na verdade, o degelo na Antártica é catastrófico para o mundo inteiro, pois a região possui mais de 50% de toda a água potável do mundo e, se houver o derretimento, essa água irá aumentar o nível dos oceanos de maneira completamente desproporcional, acarretando no desaparecimento de regiões costeiras. Além disso, dependendo do nível de aquecimento do planeta, a Antártica pode ser um dos locais de terra do mundo considerado habitável daqui a alguns anos. Provavelmente não é algo que nossa geração vai vivenciar, mas a Ciência trabalha pensando nas gerações futuras, por isso é crucial agir agora, preservar e conservar o planeta é vital para a sobrevivência de todos.
Redatora: Juliana Correia
Referências:
Antártica, Ártico e mudanças climáticas / coordenação de Silvia Dotta … [et al.]. - Santo André, SP: InterAntar: UFABC, 2021.
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