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Foto do escritorRaquel Oliveira

É possível desenvolver uma pauta ambiental nos BRICS?

O desenvolvimento de uma pauta ambiental efetiva dentro do BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) é um tema de grande relevância, mas enfrenta desafios significativos. O bloco, criado com o objetivo de fortalecer a cooperação econômica e política entre as principais economias emergentes, está expandindo suas áreas de atuação e, nos últimos anos, a questão ambiental tem ganhado mais espaço nas discussões. 


Contudo, conciliar os interesses ambientais e os modelos econômicos distintos dos países-membros é uma tarefa complexa.


Contexto Histórico e a Responsabilidade dos Países Ricos


Durante a última cúpula do BRICS, o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, apontou que a maior responsabilidade pelas mudanças climáticas recai sobre os países ricos, em função do seu histórico de emissões de carbono. Esse argumento reforça a demanda por um apoio financeiro robusto dos países desenvolvidos para que os países em desenvolvimento possam investir em ações de mitigação e adaptação climática. 


Discurso do presidente Lula
Presidente Luís Inácio Lula da Silva - Foto/Reprodução: Internet

Um exemplo é o Fundo Amazônia, que já captou recursos externos significativos, mas que representa um modelo ainda restrito a poucos países com estruturas de governança adequadas para captar esses recursos.


Contradições Internas: A Dependência dos Combustíveis Fósseis


A pauta ambiental nos BRICS enfrenta desafios internos, especialmente pela presença de grandes produtores de petróleo entre os membros atuais, como Rússia, China e, mais recentemente, Irã, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos. 


Esses países dependem economicamente da produção de combustíveis fósseis, o que entra em conflito direto com uma agenda de transição energética e descarbonização.


A exploração contínua de petróleo e gás é defendida sob o argumento de que esses recursos podem financiar a transição energética para fontes renováveis. No entanto, esse modelo de transição “lenta e gradual” é alvo de críticas por, muitas vezes, postergar mudanças estruturais mais urgentes. 


Para que uma pauta ambiental se consolide nos BRICS, será necessário encontrar um equilíbrio entre crescimento econômico e compromissos ambientais, o que, até o momento, é feito de forma tímida e com passos lentos.


Aproximação Estratégica e Limitações da Pauta Ambiental


Outro aspecto relevante é a postura dos BRICS em fóruns ambientais globais, como as Conferências das Nações Unidas sobre Mudança Climática (COPs). A participação de grandes produtores de petróleo nesses eventos demonstra uma “aproximação estratégica”, onde países com alta produção de combustíveis fósseis afirmam apoiar a agenda climática, mas sob a condição de que a transição ocorra de forma gradual. 


Essa postura é vista por alguns analistas como um “abraço de urso”: um envolvimento que visa controlar a narrativa e evitar pressões para uma transição mais rápida.


Essa abordagem representa um desafio para ONGs e defensores do meio ambiente, que alertam para a necessidade de ações concretas e imediatas frente à crise climática. As ONGs têm um papel essencial na fiscalização e pressão sobre os BRICS para que uma pauta ambiental sólida e comprometida seja realmente implementada.


Conclusão: Possibilidades e Limites para uma Pauta Ambiental nos BRICS


É possível desenvolver uma pauta ambiental nos BRICS, mas a efetividade dessa pauta dependerá da capacidade dos países de convergir em torno de um compromisso genuíno com a sustentabilidade. Para isso, será necessário enfrentar contradições internas e, ao mesmo tempo, ampliar a captação de recursos internacionais, garantindo transparência e governança nos investimentos ambientais. 



BRICS bandeiras e presidente do Brasil no canto inferior direito
Discurso presidente Lula para o BRICS - Foto/Reprodução: Internet

Essa pauta poderia estabelecer um marco na cooperação global para o enfrentamento das mudanças climáticas, mas apenas se o bloco superar as tensões entre interesses econômicos e ambientais, e adotar uma postura de liderança e responsabilidade ambiental.


A pauta ambiental nos BRICS, embora possível, exige uma mobilização interna robusta, parcerias com a sociedade civil e uma fiscalização ativa para garantir que o compromisso com o meio ambiente vá além do discurso e resulte em ações concretas.


Autor do Texto: Raquel Oliveira


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