Um levantamento do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) avaliou 1.942 cidades com risco de desastres ambientais, como deslizamentos de terra, alagamentos, enxurradas e inundações. As áreas desses municípios representam quase 35% do total do país e concentram aproximadamente nove milhões de pessoas, 6% da população brasileira. Uma ameaça não apenas urbana, o Pantanal teve mais de 760 mil hectares queimados entre janeiro e o início de julho de 2024, o que equivale a cerca de 5% da área total do bioma, segundo dados do Governo Federal. As mudanças climáticas em todo o planeta, sobretudo, intensificam os fenômenos naturais, causando eventos extremos, que acontecem cada vez com mais frequência.
No Brasil, os desequilíbrios causados aos ecossistemas, por ação humana, somados às alterações do clima, geram um cenário propício para desastres ambientais. Conforme o MapBiomas, até 25% da vegetação nativa do país pode estar degradada. O Cerrado, por exemplo, segundo relatório do mesmo sistema, representou mais da metade da área desmatada do país em 2023, um aumento de 68% em relação ao ano anterior. O desmatamento é um caso de atividade antrópica que desencadeia uma série de problemas ambientais, especialmente porque, além de liberar carbono na atmosfera, através do processo de queima da vegetação, retira as espécies responsáveis pela fotossíntese, único mecanismo, em grande escala, que faz a absorção do gás carbônico já existente no ar.
Os seis biomas brasileiros, Amazônia, Mata Atlântica, Cerrado, Caatinga, Pampa e Pantanal, funcionam em conjunto. O microclima de cada uma dessas extensões, influencia no da outra. Por exemplo, a Amazônia, por meio do processo de transpiração das árvores, gera os "rios voadores", grandes massas de umidade que são transportadas pelo vento através de toda a América do Sul. Assim, controlam os regimes de chuvas também de outras regiões. A interferência nesse sistema faz com que existam períodos de seca mais longos do que os esperados em determinados locais, reduzindo a umidade do solo e possibilitando o aumento de focos de incêndio. Vale destacar que a cobertura de água em todo o Brasil sofreu uma redução de quase 31%, mais de seis milhões de hectares, em relação a 1985, como mostra o MapBiomas Água.
Fonte: Reprodução / CPA-CBMMS / Mairinco de Pauda
Um claro quadro de desequilíbrio nos biomas nacionais, agravado pelas mudanças climáticas, é o que acontece no Pantanal neste ano. Segundo o biólogo e um dos diretores da ONG SOS Pantanal, Gustavo Figueirôa, ao ClimaInfo: "A diminuição do número de evaporação de água na Amazônia, que traz águas para o Centro-Oeste, com a diminuição das matas ciliares no Cerrado, que é onde nascem os rios que banham o Pantanal, o aumento da seca é inevitável. Vários fatores da ação humana somados estão diminuindo a capacidade do Pantanal, que depende da água que vem de fora”.
Redatora: Mylena Larrubia
Referências:
Qual o IMPACTO das Mudanças Climaticas no Brasil? | WebSérie Mudanças Climáticas - Ep. 4
Mudança climática tornou chuvas no RS mais intensas, aponta estudo
Cerrado supera Amazônia e se torna o bioma mais desmatado do país, mostra MapBiomas
Seca e fogo na Amazônia podem intensificar queimadas no Pantanal
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